Eu às vezes ponho-me a pensare, i,i, i pra fazer a Raia deve ter sido um grande problema, pra fazer a Raia. E,e se nós fizermos do Rio Minho, Ponte das Barjas, subimos do rio Minho, directo Castro Laboreiro, não faz muito sentido ir polo alto do monte i dar aquela volta, fazer aquela orelha que faz cara Castro Laboreiro. Faria mais sentido cortar ao meio da vila, cortar ao meio da vila de Castro Laboreiro, ali ao rio, i ver no rio de Castro Laboreiro (incomprensíbel). Nom faz muito sentido ir por riba, mas eu penso, eu tenho uma explicaçom para isso (incomprensíbel), que é, que é, e,e, as pastagens que,e o gando, i havendo lugares de um lado, as pastagens ficariam (...) E depois há o problema do,a paróquia, porque a paróquia, quer queiramos, quer nom, os romanos deixárom-nos a paróquia, não é?. A paróquia é, foi, foi, digamos, e,e o agente que de alguma forma organizou o território. As pessoas nasciam, batizavam-se, casavam-se, enterravam-se, não é?, enterravam-se, i a paróquia, ou seja, o que está do monte para lá do rio. Eu devo de ter ficado do lado de Castro Laboreiro, por causa da paróquia que estava no centro da vila de Castro Laboreiro. Castro Laboreiro sabem que tem cerca de 90 quilómetros quadrados, é das freguesias mais extensas de Portugal, se não for a mais, neste momento. Foi concelho até 1855. Era um concelho totalmente isolado. Os castrejos toda a vida trabalharam do lado galego i no Trás-os-Montes, i passavam pola Galiza para ir para Trás-os-Montes. O meu, meu bisavó trabalhou, um dos meus bisavós, que morreu de quarenta, trabalhou 30 anos não na Galiza, mas em Salamanca. 30 anos. I ia de comboio i, i para Salamanca, por aí.
Toda a emigraçom que houve em Castro Laboreiro, quase toda ela, fugiu pola Galiza. Essas redes eram redes de complicidade, e fugiam pola Galiza. I estamos a falar de,de um dos meus avós morreu em 1933, em Paris (incomprensíbel), Pereira. Estou a falar, não estou a falar de a partir do 46, estou a falar dos anos 20, depois da I Guerra Mundial, os castrejos vão para a França, e muito devido às redes de galegos que havia deste lado, i que proporcionou essa saída. Ou seja, eu tive sempre uma grande curiosidade polo lado galego, porque medrei com estas cousas nom?. I, despois mais tarde, quando a estrada abriu, quando a fronteira abriu, das primeiras cousas que fiz foi apanhar o carro e entrar na Azureira galega até, até Entrimo. Fazer a estrada para conhecer a Laboreiro, para conhecer o sopé da montanha, ou seja, Górgua, e,e,e Crespos, e,e,e Bangueses, Xacebáns, toda essa zona, i,i inclusive ir por ali até Celanova, porque eu penso que Castro Laboreiro sempre teve muito virado a Celanova. E,e teríamos que ir, teríamos que ir ao cartulário do mosteiro de Celanova, à procura de algumas pistas, mas eu penso que nessa altura Castro Laboreiro taria muito virado ali. Aliás, eu faço, eu tenho uma luta de há alguns anos, porque o fenómeno da Peneda quase engoliu Castro Laboreiro. Ou seja, neste momento montes de pessoas põem Castro de Laboreiro na Serra da Peneda, o que me chatea profundamente, porque Castro Laboreiro é do Laboreiro, i o Laboreiro era uma zona toda que vinha de Celanova até os píncaros da Peneda, tudo isso era o Laboreiro. I do outro lado, aliás, nem era Laboreiro, que era Leboreiro. Laboreiro, que do lado galego o topónimo ficou na íntegra, Leboreiro, i era Castro, Castro Leboreiro, com ípsilon, escrevia-se com ípsilon. Nós, nos primeiros forais, nós temos um foral de dom Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, i aparece como sendo Leboreiro ainda. Depois deturparom o nome pra Laboreiro, i agora nem estamos na Serra do Laboreiro, estamos já na Serra da Peneda, o que me chatea bastante, e,e, acreditem. E,e, porque, do lado da fronteira é Leboreiro, Laboreiro, os galegos continuam a dizer a (incomprensíbel) do Laboreiro, a Serra do Laboreiro, não é?, i nós, e,e, E então, quem criou o Parque Nacional da Peneda-Gerês, e, resolveu a coisa dizendo: "Agora, o Parque Nacional da Peneda-Gerês é Planalto em Castro do Laboreiro, e,e, Serra da Peneda, e,e Serra do Soajo, Serra Amarela, Serra do Gerês i Planalto da Mourela. Ou seja, resolveu aqui a coisa. Por quê? Para fugir ao nome Serra do Laboreiro, por um topónimo só estar do lado galego, mas a verdade é Castro Laboreiro.
Aliás, a,a nível de topologia não tem nada a ver a Peneda com o Laboreiro. O Laboreiro é uma chã, e,e, ali é terra de lebres, o nome de Laboreiro deve vir de lebre, i ainda hoje há lá as lebres. I daí para abaixo não há lebres, não há nada
Autor/a da transcrición: e~xenio